Entrei pela porta acanhada do GROENE LANTEERNE, restaurante recomendado por um antigo freqüentador da casa, sem qualquer expectativa. Me disse ele que talvez o restaurante nem abrisse se não reservássemos. Era esse tipo.
Uma escada em espiral do lado esquerdo enroscava-se por entre os pavimentos. Acima, a casa de Roberto e Yvonne, proprietários desde 1992. À frente, uma sala de jantar com lareira acolhedora, não mais que uma dúzia de lugares e a porta aberta através da qual espiei a cozinha despretensiosa. Mas... e abaixo? Para onde se "espiralava" a escada?
Entendi, rapidamente, que o subsolo era o pavimento mágico ao folhear a carta e encontrar mais de 700 rótulos distribuídos em 10.000 garrafas da coleção do casal, a maioria comprada diretamente dos produtores. Não pude conter o sorriso a cada página virada e, não fosse a companhia agradável, teria me enroscado escada abaixo e fundado o "movimento dos sem taça" reclamando à força a posse da adega.
Fiz, naturalmente, uma pergunta imbecil a Roberto, pedindo que citasse alguns de seus vinhos preferidos na cave. Como para toda a pergunta idiota há uma resposta simples (#sóquenão), citou alguns "poucos" como Meo-Camuzet, Cecille Tremblay, Emanuelle Rouget, DRC, Jayer, Jobard, Vogüé, Leflaive, L'Evangile, Petrus, Le Pin, além de todos os outros premier crus em várias safras, Pichon Lalande, Lynch Bages, Silex, Pur Sang, Cotat, inúmeras safras de Yquem, mas também Rieussec, Raymond Lafon, de Farques, mais de 60 eiswein raros e TBA's, Egon Müller, Robert Weil, Fritz Haag, Schloss Johannisberg, Schloss Lieser (de Kabinett a Trockenbeerenauslese), Ch.le Tertre Roteboeuf, Saint Emilion, Roc de Cambes de Mitjaville 1995, 1998 e (por que não?) 2000, Goldberg, Scharzhofberg de van Volxem.... E por aí seguiu a lista que, segundo ele, não pretendia ser exaustiva, mas que certamente matou-me de inveja e de sede.
A carreira de Roberto passeou entre cozinha e salão de restaurantes estrelados, onde aprofundou seus conhecimentos na função de sommelier. A relação do casal com os clientes é bastante informal. Yvonne, muito alegre e falante, distribui seu sorriso pelo ambiente, que reproduz uma sala de jantar, com objetos, estantes e livros "vividos" ao longo do tempo, enquanto Roberto sugere que visitemos a cozinha ao preparar sozinho nossa refeição.
O menu muda semanalmente e oferece clássicos com base francesa: havia vieiras ao kataifi (massa phylo desfiada) com laranja e açafrão, salada de lagostins com parma, um pato com foie gras que foi muito elogiado, costeleta de cordeiro irlandês em crosta de ervas, entre outros.
Este belo bistrô familiar foi uma delícia de descoberta. A filha não trabalha no restaurante, mas desconfio que, dado o pedigree, tenha seu destino etílico traçado e acabe por expandir ainda mais a adega. Afinal, seu nome é... Romanée.
DE GROENE LANTEERNE
www.winetrade.nl
Haarlemmerstraat 43
1013 EJ Amsterdam
00 31 (0)20 624.1952
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