Sentada junto à janela, vi o sócio no balcão receber um rapaz que trazia duas garrafas pela metade tampadas com rolhas, dentro de uma mochila. Derrubou o conteúdo em dois copos sem frescura, provou, cuspiu, balançou a cabeça, escolheu um, recusou o outro.
A simplicidade com que um país com tradição em bons vinhos trata do assunto, está longe de ser falta de respeito com a bebida. É naturalidade de quem sabe que qualidade não está no ritual, e sim no conteúdo.
Simples também era o ambiente, com quatro paredes de pedra bruta, tijolos aparentes, uma gravura aqui, outra ali, e um espelho redondo.
A fome do almoço sobrava pro jantar e o cardápio curto me fazia querer provar um pouco de tudo. Na mesma linha, a carta de vinhos de folhas soltas em estilo datilográfico, focava em produtores muito bons e menos conhecidos numa faixa de 25 a 70 euros.
Queijos na terra dos queijos. Sa va san dire. |
Correto tartare de filet com maçã granny smith, rabanete, gergelim e cubos gelificados de caldo de ostras. |
Crocante de cordeiro confit, quinoa, consomée tandoori e legumes na brasa. |
A casa – árida de início – foi crescendo em mim à medida que a tarde caía e o balé dos garçons crescia. Enquanto os goles de vinho aqueciam minhas bochechas, a cor fria das paredes de pedra também abraçava o calor da luz de velas.
Lembrei da cena do vinho, que parecia refletir a filosofia de tudo que havia ali. Os pratos estavam corretos, o serviço foi muito bom e o preço não foi caro. Em poucas horas, o salão abarrotado justificava o prêmio de melhor bistrô do guide Fooding em 2014. A simplicidade é sempre genial.
Para momentos nervosos, Uvas de la Ira, delicioso garnacha espanhol. |
Richer
2, Rue Richer - Paris
De 8:00 à meia noite, todos os dias.
Cardápio de almoço e jantar, das 12hs às 14:30hs e das 19:30hs às 22:30hs
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