Há
lugares que moram na esquina da memória afetiva do meu estômago. Lugares com
comida saborosa e simples, bons brindes e ambiente descontraído e agradável,
que ocupam um quinhão que outros com menos personalidade não conseguiram
preencher.
Tampouco importa a ordem real dos pratos, se a memória escolhe o que vem primeiro. Veio logo à mente a conserva feita e enlatada na casa, que quando aberta
na frente do cliente desprende o aroma defumado do mackerel (primo da cavala)
com alcaparras e funcho, e do azeite que deve ser raspado com o pão de erva
doce.
O
delicioso patê de fígado d’angola fez o estômago suspirar de saudade, com os
“crackers” divertidos com a forma "da própria", sem se esquecer da mostarda rústica e o cornichon o
acompanhavam.
Em
seguida a bagna cauda, molho de alho e anchovas piemontês, que eu poderia comer
diariamente, sobre qualquer legume cru. Aqui, com aipo rábano.
Também
houve um gnocchi frito, que trazia um prazer adicional na textura etérea que
amenizava a culpa da palavra LARDO.
E ainda tem o desejo não realizado de transformar este muffin de papoula com presunto cozido com lascas de queijo, no meu café da manhã.
Dos vinhos - todos naturais na casa - a memória preferiu guardar a imagem do querido Pacalet. As outras duas garrafas, escolheu esquecer.
Tantos
outros pratos se seguiram, todos dignos de nota e foto, num “tapeo” que podia levar a vida
toda... mas fato é que a lembrança, que deveria habitar o passado,
tem um divisor literal “de águas” que decide o que vai e o que fica: memória é
tudo aquilo que ainda me faz salivar.
VIN PAPILLON
www.vinpapillon.com
2519 Rue Notre-Dame Ouest, Montréal
não aceita reservas
de terça a sábado, das 15hs à meia-noite
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