Tinha feições indígenas e uma cicatriz no queixo – quem sabe, a responsável por sua timidez – e trabalhava num boteco com bandeirinhas coloridas que se instalara em 1954, bem no meio da fome, entre a Cidade do México e Cuernavaca.
Pedimos, eu e um motorista de ônibus, o café camponês típico, "de olla". Na moringa de barro vinha a rapadura, um pau de canela, uns grãos socados e outros inteiros. Despejou água fervente sobre a mistura, coou o resultado e nos serviu em canecas que aderiam, quentes, à toalha rosa de plástico.
Atrás de mim, junto à janela, cartazes de São Jorge, Jesus Cristo e de um menino ‘lindo-sexy-pop’ num estranho contexto religioso, que não tive tempo de investigar.
Voltou à bancada e pôs-se a estapear mecanicamente umas panquecas de milho azul (cultivado há mais de 3.000 anos pelos índios Hopi) enquanto adubava minha fome.
Abriu o disco de massa e picou um tanto do raro chorizo verde de Toluca, recheado com pistache, sementes de girassol, erva de santa maria e carne de porco moída. Antes de fechar o taco, juntou coentro, jitomate, cacto nopal e abacate.
O boteco da cidade que, nem nome tinha, foi dica de um taxista. A refeição, das melhores que já fiz.
Restaurante 3 Marias, Morelos (ou não), Mexico
Esses achados são uma das melhores coisas da viagem!
ResponderExcluirE adoro o México!!