“Não gosto das palavras fatigadas de
informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão, tipo água, pedra,
sapo.”
Este trecho de “Apanhador de Desperdícios”,
de Manoel de Barros, brotou em minha cabeça quando comecei a escrever sobre o
DE KAS.
Uma estufa municipal de 1926, reformada
pelo chef Gert Jan Hageman, virou um enclave hortícola no meio de Amsterdam. Um espaço adorável, com um telhado
de vidro à prova de críticas e perfeito para uma cidade que busca o sol.
A maioria dos ingredientes vem da horta que
cerca a construção ou de outra propriedade que fica a apenas 20 minutos
do local. Na minha visita, alcachofras e funchos selvagens floresciam sob
ombrelones e, só de tomates, contei 18 variedades. Queria passar o ano vendo o
jardim vivo mudar, com legumes e hortaliças “ambientando” cada estação e emprestando
ao restaurante um novo tom.
Mas o lado Manoel de Barros não veio do
local, e sim do prato: não havia descrições quilométricas nem apresentações
rebuscadas, “fatigadas de informar”. É um estilo de cozinha que pra mim é poesia, em que
o ingrediente fresco, bem preparado e tampouco arrumado, basta.
Eis os pratos de “barriga no chão”:
Ovo pochê, bacalhau, folhas. |
Rilette de pato, funcho, aipo, crouton. |
Portobello, couve de Bruxelas, queijo feta, beterraba. |
Polenta. |
Gouda maturado por 30 meses. Aquele ali... cheio de lindos cristais, atrás do pão (dos melhores queijos que já comi). |
O sous-chef Ronald Kunis que pilotou meu irrepreensível almoço, também me guiou num tour de chicórias a maçãs. |
Lindoo!!! Lugares assim que dá vontade de conhecer. :-)
ResponderExcluirObrigada, Maysa! Muito lindo, mesmo!
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